Bolinhas, bolinhas e mais bolinhas. A artista plástica japonesa Yayoi Kusama deixa o mundo mais alegrinho enchendo-o de bolinhas coloridas. Talvez para ela esse furor de esferas torne as coisas mais suportáveis. Depois de um colapso nervoso na década de 1970 e da decisão de se internar em um hospital psiquiátrico em Tóquio ela trouxe instalações curiosíssimas, dentre elas a reprodução da sala de uma casa que, sob luz negra, se preenche com as tais bolinhas coloridas.
O passeio fica joia com amigos gracinhas e cappuccino caprichadinho no Santinho, lá mesmo no Instituto Tomie Ohtake.
Minha identificação foi imediata ao assistir Frances Ha. Refleti acerca de algo que tenho pensado com bastante carinho e até um certo critério nos últimos meses: o apego, ou melhor a necessidade de desapego. Complicado isso de só ser feliz tendo e vivendo com seus amores ao lado. As ideias libertárias não me cativam, contudo reconheço que o melhor mesmo seria seguir em frente, amando simplesmente, indistintamente. A todos. O problema é amar intensamente, e tenho essa intensidade comigo, porém, até quando? Não é eterno. Não assim como eu gostaria. Do que já vivi sei o quanto é dolorido perder alguém que se ama. Melhor estar com o coração amparado pelo amor próprio, que só se alcança a partir do autoconhecimento e ajuda bastante se estiver rodeado de pessoas interessantes. Yeh! Eu me amo pra valer, só que a vida é mais, mais, mais, como direi, feliz, quando tenho os meus ao meu lado. Frances me fez lembrar de mim mesma. Acho que minha vida teve seu lado preto e branco, tempos difíceis, memoráveis. Juventude. Tive uma amiga que era uma amizade de almas. Cumplicidade. Usávamos a mesma escova de dentes e tudo o que tenho dela agora é uma dedicatória deixada no livro francês, O Pequeno Príncipe, que diz bem assim: nos vemos no B-612. Nós nos chamávamos de Mais, porque éramos a Mais, uma para a outra. A mais especial. Antes mesmo dela partir para o B-612 nós já havíamos nos separado. A vida assim fez e não houve dor. Essa minha vida tem sido de despedidas sem palavras. Felizmente novas pessoas chegam também. Alegram meu coração. Tudo que é novidade tem sido bom, reconfortante para esse meu mundo que tem cores por vezes pálidas, por vezes quentes, mesmo em dias de outono com frio e garoa. Frances Ha Filme de Noah Baumbach Com Greta Gerwig e Mickey Sumner