terça-feira, 27 de maio de 2014

Basta crer

Ela acreditava em anjos e, porque acreditava, eles existiam.

Clarice Lispector

Obsessão infinita



Bolinhas, bolinhas e mais bolinhas. A artista plástica japonesa Yayoi Kusama deixa o mundo mais alegrinho enchendo-o de bolinhas coloridas. Talvez para ela esse furor de esferas torne as coisas mais suportáveis. Depois de um colapso nervoso na década de 1970 e da decisão de se internar em um hospital psiquiátrico em Tóquio ela trouxe instalações curiosíssimas, dentre elas a reprodução da sala de uma casa que, sob luz negra, se preenche com as tais bolinhas coloridas.


O passeio fica joia com amigos gracinhas e cappuccino caprichadinho no Santinho, lá mesmo no Instituto Tomie Ohtake.


Mostra Yayoi Kusama

Obsessão Infinita

Instituto Tomie Ohtake

Entrada gratuita

Frances Ha


Minha identificação foi imediata ao assistir Frances Ha. Refleti acerca de algo que tenho pensado com bastante carinho e até um certo critério nos últimos meses: o apego, ou melhor a necessidade de desapego. Complicado isso de só ser feliz tendo e vivendo com seus amores ao lado. As ideias libertárias não me cativam, contudo reconheço que o melhor mesmo seria seguir em frente, amando simplesmente, indistintamente. A todos. 

O problema é amar intensamente, e tenho essa intensidade comigo, porém, até quando? Não é eterno. Não assim como eu gostaria.

Do que já vivi sei o quanto é dolorido perder alguém que se ama. Melhor estar com o coração amparado pelo amor próprio, que só se alcança a partir do autoconhecimento e ajuda bastante se estiver rodeado de pessoas interessantes.

Yeh! Eu me amo pra valer, só que a vida é mais, mais, mais, como direi, feliz, quando tenho os meus ao meu lado.

Frances me fez lembrar de mim mesma. Acho que minha vida teve seu lado preto e branco, tempos difíceis, memoráveis. Juventude.

Tive uma amiga que era uma amizade de almas. Cumplicidade. Usávamos a mesma escova de dentes e tudo o que tenho dela agora é uma dedicatória deixada no livro francês, O Pequeno Príncipe, que diz bem assim: nos vemos no B-612. 

Nós nos chamávamos de Mais, porque éramos a Mais, uma para a outra. A mais especial. Antes mesmo dela partir para o B-612 nós já havíamos nos separado. A vida assim fez e não houve dor.

Essa minha vida tem sido de despedidas sem palavras. Felizmente novas pessoas chegam também. Alegram meu coração. Tudo que é novidade tem sido bom, reconfortante para esse meu mundo que tem cores por vezes pálidas, por vezes quentes, mesmo em dias de outono com frio e garoa. 

Frances Ha
Filme de Noah Baumbach
Com Greta Gerwig e Mickey Sumner