terça-feira, 28 de julho de 2015

Gutenberg

Ah, Gutenberg, se você pudesse me ouvir. Se tivesse pensado mais, certamente alcançaria insights mais ousados. Se tivesse investido menos tempo com papel, tinta e impressão, talvez tivesse sido iluminado com ideias ainda mais ousadas.

Gutenberg, veja bem, ninguém mais quer comprar jornal no papel. São raros os assinantes. Danusa Leão e mais meia dúzia que o digam. O esquema é outro. Tecnologia. Difícil é se adaptar.

Raros ainda defendem o prazer de sentir a textura do papel, o toque e até o inconveniente de ter o dedo manchado de tinta. Nem sequer reclamam do cheiro do papel jornal misturado à tinta da impressão. E eu te pergunto, quem ainda se dá a alegria de rasgar o plástico das revistas lacradas? Essa proteção toda que esconde as delícias de pautas bem tratadas, texto gostoso, bem escrito... Vírgula por vírgula, tudo no lugar certo.

Querido Gutenberg, preciso te contar, outras formas de comunicação envolvem os cidadãos neste momento. Foi-se o tempo do café e do cheiro do cigarro nas redações. Jornais e revistas demitem aos montes. A moda agora é home work. As pautas frenéticas: polícia, denúncias e obituários também tiveram seu tempo na minha agenda - particularmente.

Meu querido, a admiração por você segue - como não valorizar o autor da façanha, o primeiro livro impresso, a Bíblia, até hoje preservado nos Estados Unidos? 

Sabe, volta e meia eu penso que se estivéssemos juntos seríamos imbatíveis. Prosperidade na certa. Muito entusiasmo da nossa parte e da minha parcela menos punhos acirrados (diferente de você, alemão, inventor e sempre sisudo nas gravuras que lhe retratam). Mais cordialidade também, com certeza. 

Com fé e boa vontade faríamos o que sonha todo bom jornalista - mudaríamos o mundo - para melhor, você não acha?

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